Solo - Aiolos!!

Tarenus ri baixinho, servindo um pouco de comida num pode de barro e esticando para Aiolos, junto de um pedaço de pão.
Depois repete a operação para a garota, que a recebe com igual apetite. E por fim, ele se serve da própria panela, usando o pão como "colher".

Depois da pausa, ele diz, compartilhando um cantil cheio de vinho:
- A lenda é uma história mítica. Diz que estas montanhas são os restos mortais de um antigo deus derrotado em batalha. E que em seu lado direito surgiram seres do bem, guerreiros campeões e insuperáveis; e de seu lado esquerdo brotaram demônios perversos que se espalharam por estas terras. E que até os dia de hoje lutam entre si, um tentando destruir o outro. Uma velha lenda para retratar a eterna luta entre o bem e o mal. Mas há supersticiosos que vêem sinais em tudo. Acham que o Dragão que quase tomou Cormyr seria um demônio do chifre esquerdo, enquanto o Rei, que morreu para derrotá-lo, seria um campeão do chifre direito.

Uma pesada chuva tem início, transformando a entrada da caverna, que se inclinava para baixo conforme entrava, numa imensa poça de lama.

Aiolos aprecia a comida vagarosamente enquanto ouve a história de Tarenus e aproveitava o máximo para observa-lo. Portava-se como um verdadeiro líder e eu precisava de bons exemplos para tomar decisões coesas.


- História interessante Tarenus e estava pensando enquanto aprecia esse delicioso ensopado que não há mais duvidas sobre a veracidade sobre essa lenda e que como o próprio homem de túnica disse... Estamos apontando o dedo para a direção errada e lutando sem um objetivo concreto. O grupo apenas está correndo atrás de xamãs que certamente são chamarizes para algo muito maior e perigoso. Se o grupo continuar dessa forma será dilacerado sem descobrir qual o grande mal por trás desses problemas.

Tarenus diz, em tom sombrio:
- Se já não foram.

Misty diz, e cada vez que ouve sua voz Aiolos se arrepia todo:
- Perdidos eles sempre estiveram. E não aceitam líderes por medo de encontrar chefes tiranos. Eles precisam,de exemplo, mais do que conselhos.

Aiolos olha para Misty e diz: - Eu tentei lidera-los quando Barduk havia sumido, mas poucos são aqueles que me respeitam e isso já tentei demonstrar meu valor por inúmeras vezes. Sendo que alguns se separam quando decidi ir atrás de Sigfried na caverna onde o xamã ferido se recolheu.

Tarenus diz, sério :
- Tem certeza que foi mesmo pra ELES que quis mostrar do que era capaz?

Misty completa:
- Liderar pode se tornar um ato de vaidade.

Tarenus diz:
- Liderar não é ajudar a decidir o que não lhe compete, mas tomar a decisão mais difícil por si mesmo. E se for o melhor, eles vão segui-lo. Dizer que faz pelos outros é estar desesperado por atenção, e um ato de vaidade.

Misty diz, confusa:
- Mas por que quer tanto diderá-los?

- Na realidade eu quis liderá-los, pois Barduk esta desaparecido e todos estavam perdidos e sem rumo, sendo que nosso inimigo se encontrava gravemente ferido e tinhamos uma oportunidade de enfim derrota se não estou enganado o último dos xamãs, mas todos queriam seguir rumos diferentes. Tentei convence-los e alguns me apoiaram e outros decidiram seguir outros rumos, mas sinceramente eu nunca deveria ter tido tal atitude, pois nem os conhecia direito e não estava totalmente ciente do que eles buscavam. Fui vaidoso e quis chamar atenção. Cometi um grande erro e por esse erro posso ter matado 8 companheiros.

Aiolos termina sua fala e fica cabisbaixo após seu relato.

Tarenus diz em tom severo:
- Falhar é parte da liderança. Você não obrigou ninguém a segui-lo. Se morreram, foi por conta de suas próprias escolhas e fracassos... Mas sim, você FOI vaidoso.

Misty diz:
- Sei que Thorgal só queria me proteger depois do sumiço de Barduk. Mas eu não podia deixá-los pra trás. Então me transportei até a vila para descansar, e deixar que se reagrupassem. E lá encontrei Tarenus, que aceitou me ajudar. E estamos viajando juntos desde então. Minha magia mostra o caminho, e Tarenus me ajuda a segui-lo em segurança. Já nos deparamos com alguns inconvenientes peoas montanhas, alguns conseguimos evitar, outros tivemos de enfrentar. Mas aqui estamos.

Tarenus apenas concordava, em silêncio, sorrindo quando ela fala em "enfrentar".

Tarenus diz:
- Todos temo nossas missões sagradas, Aiolos. Sem se conhecer, jamais saberá qual é a sua. Estará sempre vagando por mundos que não são o seu, lutando lutas que não são a sua.

Misty diz:
- Tarenus está certo. Eu tenho meu propósito nestas terras, que é o de ajudar o maior número de pessoas que eu puder, diante da guerra que se aproxima. Há enigmas demais para serem solucionados por aqui. E neste momento, você é só mais um deles. E sobre se conhecer, existem formas de buscar suas origens. Mas é sempre um risco, pois envolve entrar nos Sete Céus a procura de seus ancestrais. E entrar não é tão difícil quando será SAIR de lá.

Tarenus diz:
- Só há DUAS formas conhecida de abandonar uma Hóstia. Cair... ou se Rebelar contra ela.

Misty completa:
- Em ambos os casos, os Vingadores Celestes virão atrás de você. Jamais encontrará tranquilidade neste mundo depois de conhecer o espectro maior de sua consciência, e ver com os olhos celestiais o quanto o mundo está mudando. Depois de ver o que está sendo feito... será que vai querer continuar sendo meio-humano?

Tarenus diz, num tom quase sombrio:
- Esqueça, rapaz. Está procurando alguém que lhe diga o que fazer. Isto é comportamento de um soldado, não de um homem livre. Se escolheu um caminho, que foi vir às montanhas e proteger as pessoas daqui, então por que está tão preocupado com um grupinho de aventureiros desordeiros que arrasta o caos em seus calcanhares? Mesmo sem propósito, eles já escolheram um caminho. O seu pode coincidir com o deles, pois sua luta é libertária contra a deles. A diferença é que ELES não sabem contra quem estão lutando, ou POR QUEM o fazem. E você?

Misty se inclina, parecia interessada na resposta.

Tarenus lança um longo assobio e diz em tom irônico:
- FFIIIIIUUUUU!!!! Algo mais? Lutar contra hordas goblinóides, vampiros e enfrentar uma matrona-vampira? Rapaz, está mais perdido que ranger cego entre armadilhas.

Misty diz:
- Tarenus está certo. Está tentando abraçar todas as causas. Abelard está muito fora do alcance de qualquer um de nós. Mas tudo que relatou devolve seu olhar na mesma direção. Os chamas-rubras são a causa imediata dos problemas. Foi um de seus xamãs que aprisionou o vampiro sob seus serviços, forçando-o a criar outros como ele, e a lançar ataques contra o templo em Arabel. Mas um xamã não ganha força sozinho, os magos de guerra remanescentes devem estar enfrentando sua influência pelas montanhas. O grupo destruiu uma de suas frentes ao vencer o lobisomem, e acabou com sua base ao libertar Gauntlgrym. Mas algo acontece longe dos olhares. Um ogro-mago guarda a chave para o portal que os trouxe aqui, e para o santuário do último dos xamãs. Mas parece que uma ajuda inusitada conseguiu pôr as mãos nesta chave, e agora ela está sendo disputada pelo caos de seu grupo. A maldição de Hark é muito forte, e o ogro-mago colocou armadilhas na chave para que só ele consiga usá-la. Harsk foi forçado a lutar contra seu bando... mas a diferença de sua maldição o transformou num perigo ainda maior.

Tarenus diz:
- Vocês já têm a chave para chegar ao xamã. Resta unir-se para usá-la e acabar com seus planos. Fazendo isto, os poucos chamas-rubras remanescentes vão minguar e se perder, pois aqui são minoria, e acabarão mortos pelos magos-de-guerra, ou senão pelas tribos goblinóides naturais daqui, que não vão aceitá-los de bom grado.

Misty tira da bolsa de componentes uma das flâmulas vermelhas, e diz:
- Vermelho de olhos amarelos. Te lembra alguém? - Ela espera um segundo e continua - Isto pode protegê-los do poder do bastão, e permitir que vençam a primeira armadilha para chegar até o portal. Mas ainda precisam aprender a usar o bastão para ativá-lo da maneira correta, e terão corredores para qualquer lugar do mundo. Mas receio que o xamã já saiba disso. Ele precisa da chave ou de outra forma de usar o portal, agora que a bruxa se foi. Ele PRECISA do bastão de volta.

Aiolos olha para Tarenus e responde: - Acho que você me interpretou mal ou posso ter me expressado errado. Não quero abraçar tudo de uma vez e como você mesmo disse, a prioridade e eliminar os chamas-rubras e essa tarefa já ajudará a colocar um pouco de ordem na região. O próximo passo em meu ponto de vista seria enfrentar o vampiro e eliminar sua presença, pois é muito perigoso e então investigar se nas fileiras dos magos da guerra há alguma ruptura e acabar com essa influência. Abelard é outra história e pelo que entendi precisamos evitar que quem está influenciando todo esse mal alcance a irmã de More e acho que essa resposta esta com o vampiro.

Após um pausa, olho para Misty e respondo: - Essa flamula me lembra a história que Tarenus acabou de contar sobre os chifres e identifico nela o homem que encontrei nessa caverna.

Misty diz, estendendo a flâmula a você:
- Vai precisar disso pra entrar no santuário. Mas não a use perto do xamã, ou ele a usará contra você.

Tarenus diz:
- Estratégia, meu rapaz, é o mais importante. Seus amigos estão vivendo um dia de cada vez sem ver, ou se importar, com o quadro geral. Enquanto isso, o inimigo segue o rastro deixado por eles, se fortalecendo. Pior do que um inimigo desafiado é um amigo magoado. A confiança no grupo se esvaiu quando deixaram Gauntlgrym à própria sorte, e dois "amigos" sob forte influência de um vampiro. Agora um não confia neles, e o outro, se tiver a chance, vai deixá-los morrer por não se importar. E é esta a reputação deixada pelo grupo, que sequer tem um nome ou um estandarte. É muito fácil dar-se um nome e andar por aí causando confusão. Difícil é deixar pra trás um ideal a ser seguido.

Misty diz:
- Graças a um momento de lucidez de vocês, têm um local para voltar. A vila que salvaram lhes é grata, e lhes deu até mesmo uma casa pra habitar. E o que fizeram? Pegaram o que podiam e foram embora.

Tarenus volta a falar:
- Este é o comportamento desordeiro de aventureiros, não de heróis. Se quer, partindo deste ponto, investigar a organização arcana conhecida como Magos de Guerra de Cormyr, acredite, precisará muito mais do que um nome. Precisará de confiança. precisará de pessoas em quem confiar m suas fileiras. E atéonde eu sei, têm apenas Michael, um iniciado que ainda nem foi ordenado. A única chance de chegar a algum lugar é ajudá-lo a voltar a Arabel e reclamar seu lugar na corte. Aí sim terão informação confiável vonda de lá. Pois vocês mesmos avisaram que há um mago-vermelho infiltrado na corte, que anda mal das pernas.

Misty diz:
- Este jogo está muto aquém de vocês, e precisarão de muito mais que armas e poder. Precisarão de recursos para barganhar, e de apoio DENTRO da corte. Michael é sua melhor opção. Ao menos enquanto ele mesmo não desiste do grupo, como outros já o fizeram.

Tarenus continua:
- Garth não voltará a andar com vocês enquanto Morë fizer parte do grupo. E Morë parece pouco se lixar pro perigo que ele representa. Aliás, de uma forma doente, acho que ele até gosta desta atenção. E se Garth não confia neles, Breth tampouco vai confiar. E rumores de um traidor entre vocês só piora isto. Se é que é UMA pessoa, e não sua falta de ideais. Não basta ter um paladino por perto, têm que saber mantê-lo.

Aiolos estende a mão e pega a flamula guardando-a dentro de um dos bolsos de seu cinto.

- Muito obrigado por me esclarecer muitos pontos que eu desconhecia e agora posso dar orientações ao grupo e mostrar para eles qual caminho trilhar. Não sei como posso agradece-los. Ao amanhecer devo retornar ao grupo e colocar tudo em pratos limpos, além de começar a remover más influencias dentro do grupo para que eles possam ter credibilidade novamente e não serem vistos como desordeiros. Sinto que terei uma árdua tarefa pela frente, mas encarei com paciência e vigor.

Tarenus puxa a mochila para um canto, preparando-se para descansar, e diz, antes de baixar o elmo sobre o rosto e fechar os olhos:
- Cuidado com a vaidade, anjo.

Misty ri, e anda até a entrada da gruta onde a chuva formava uma grande poça.

Aiolos ri da fala de Tarenus e responde: - Posso lhe assegurar que não tentarei liderar aquele grupo se eles não aceitarem e que apenas mostrarei como vocês me fizeram em qual rumo eles devem seguir. Barduk retornou e ele é o líder do grupo. Ficarei de guarda agora e depois descansarei...