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Prata-fogo!!

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Mensagem  Felipe Seg maio 19, 2014 10:30 am

Era uma tarde como outra qualquer, o Sol deixava o cimo claro e sem nuvens em sua habitual trajetória rumo ao horizonte. Alguns camponeses se reuniam nos pequenos casebres de mercadores, reservados para alimentar seu rebanho e aqueles que viajavam em seu nome.
Algumas carroças cruzavam a rua central, e o Velho Breem varria a varanda do Velho Crânio, à sombra da montanha homônima. Seu olhar, cansado e enrugado, olhava a enorme pedra, as lembranças vagando em sua mente. De tempos idos e duros, quando as ruas da pequena cidade eram tomadas não por passos confiantes de homens livres, mas pelos grilhões de escravos, e no lugar do riso de crianças brincando pelas ruas, o estalar dos chicotes opressores.

Este tempo já não existia mais. E uma lágrima de satisfação percorria o rosto do velho taverneiro quando braços firmes e carinhosos se enroscam aos seus, e palavras gentis lhe chegam aos ouvidos:
- Também tenho saudade dos tempos idos, meu velho. Das lutas que travamos para conquistar esta liberdade. Muito sangue foi derramado. Mas conseguimos. Nossa cidade é livre para viver sua vida e traçar seu próprio destino. Sem correntes ou chicotes a lhe guiar a sina.

Sorrindo, o velho dá um beijo no rosto avermelhado da gorducha Jhaelle, sua amada esposa a quase trinta anos, e diz:
- Tem razão, minha querida. As lutas ficaram no passado. É hora de descansar e aproveitar a vida que conquistamos.

De mãos dadas, o casal entra na estalagem do Velho Crânio, para mais uma tarde tranquila.

Um homem de olhar sorrateiro estava sentado na varanda, vendo os dois se afastando. Pequenas marcas de expressão cortavam o rosto pouco amigável do alfaiate. Como fazia todas as tardes, deixava seus aprendizes ocupados na alfaiataria e ia bebericar com um velho amigo, lembrando o passado. mas naquele dia, os instintos lhe diziam que não seria um dia como qualquer outro. Por isto saiu mais cedo, e pôs-se a observar as pessoas que por ali passavam. Tudo parecia normal. Mas seus instintos rasgavam-lhe as entranhas.

Aquele entardecer estava longe de ser ordinário.

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Um casal de adolescentes se beijava aos pés de um carvalho. Na face norte da árvore, haviam entalhado seus nomes dentro de um coração. E agora celebravam a promessa feita.
Mas o momento caloroso dá lugara um vento frio e pouco amistoso. A ventania repentina agitava as árvores, causando-lhes um mau presságio.
Assustados, percorrem o caminho de volta pela trilha que deveria levar ao velho moinho, marco da cidade. Mas ao invés disso, a trilha os leva a uma sombra de árvores altas, de galhos retorcidos e ameaçadores. Frestas e chagas marcavam-lhes as faces, dando a impressão de rostos retorcidos e de olhares maléficos.
O canto dos pássaros era cada vez mais distantes. E passos firmes se aproximavam cada vez mais. Sombras tenebrosas se moviam pela mata, por toda parte.

Assustados, se abraçam quando uma figura tenebrosa rompe a clareira. Os olhos maus do orc caem sobre os jovens, e um sorriso mais do que sádico toma-lhe o rosto, e palavras vis dizem em sua língua negra:
- Venham, rapazes. Hoje, teremos uma festinha. HahaHahaHa!!

Não era preciso entender a língua para saber o que planejavam, quando 3 outros orcs surgem à luz da clareira, lambendo os beiços e indo em direção ao casal. Mas os olhos passeavam pelo corpo da garota, amedrontada. O rapaz toma a frente, armado com uma pequena faca de entalhar, contra 3 sabres chanfrados e afiados.
Risos e gargalhadas inundam a clareira.

sssssssTUC!!

O primeiro orc cai, engasgando no próprio sangue. Um feixe fino atravessado no pescoço, de um lado, uma ponta prateada. Do outro, penas vermelhas.
assustados, os orcs se emparelham, ignorando por completo as presas. O medo agora falava mais alto em seus corações do que o desejo por sangue ou violência.

sssssssTUC!!

Outro orc cai no meio dos três, deixando dois monstros estremecidos. Olhavam em todas as direções, sem poder ver seu algoz.

O rapaz ouve passos suaves próximo à árvore onde estavam, e como se a mata tomasse forma, um homem de maneiras bonitas passa por eles, longos cabelos morenos presos numa trança ornada com fitas vermelhas, a pele clara, e os olhos cor de céu.
Mas apesar da voz melodiosa, seu tom era assustador. E na mesma língua negra, ele fala aos orcs:
- Vão, gratos pelo que lhes resta de vida. E avisem aos seus que esta floresta não lhes pertence. Avisem aos seus reis que... NÓS VOLTAMOS!!

Com um berro, um dos orcs agarra a espada e parte em investida contra o rapaz. Mas como um touro feroz, ele cai aos seus pés, com um feixe de flechas cravadas nas costas, como uma almofada de alfaiate. De onde vieram? Ninguém as percebeu. Ninguém as ouviu. mas estavam lá.
Flechas de elfo.

O elfo repete, agora na língua dos homens:
- Somente o SEU sangue será derramado aqui hoje. E somente o SEU sangue banhará nossa casa, pois o nosso já correu demais pelos veios da terra. Agora vá, pois assim eu lhe ordeno. - Ele continua andando resoluto em direção ao orc - Avise aos seus reis que o tempo de terror terminou, e que seus dias estão contados. - Os passos já quase alcançavam o orc, quando a covardia toma conta e põe-lhe a correr para longe, e sem mudar o tom, o elfo termina - Avise os seus reis que esta floresta é novamente dos elfos.

O rapaz, num ato de coragem, tenta se dirigir ao elfo para agradecer-lhe, mas é interrompido por um olhar mortal do mesmo, contrastando com sua beleza, e suas palavras são afiadas como suas flechas:
- Avise aos seus reis. Cormanthor pertence, mais uma vez, à Corte.

O vendavam recomeça, levantando folhas e poeiras. E quando volta a ser brisa, o casal estava sozinho na clareira, com dois corpos de orcs mortos por flechas de um povo há muito ido.
Sem pensar, ele agarra a mão da namorada, e os dois correm em direção à cidade. Sem perceber que  mata estava alheia à sua passagem. E que a própria mata se abria à frente de seus passos numa trilha segura, até um lago, na margem oposta a um velho moinho onde dois homens de boa idade pescavam tranquilamente.
Quando seus olhares se cruzam, o rapaz estaca. Reconhecia imediatamente a figura mítica do arquimago que, com um sorriso, apenas sinaliza para que continuem, e assim o faz o jovem, até sumir entre as casas da pequena vila.

- São os ventos da mudança o que sinto no meu âmago?
- Sim, meu querido Léo. O tempo de pescar terminou. É hora de nos preparar para a tempestade.
- Os elfos?
- Não. Muito pior.


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Um jovem casal deixa uma trilha conhecida pelo alfaiate quando caminhava de volta para sua loja. reconhecia aquele olhar assustado. Não o de um casal pego pelos pais, mas o de quem vê mais do que a coragem pode aguentar.
O alfaiate aperta o passo em direção á loja e, assim que entra, estala os dedos nervosamente chamando alguns de seus aprendizes. Ali, um velho aventureiro terminava de vestir uma magnífica túnica de viagens, e em outra sala, um grupo de moças terminava a costura de um vestido de noiva para uma jovem artesã. O clima não se abala, exceto pelos aprendizes que reconheciam aquele sinal, deixando a loja aos cuidados dos mais jovens e saindo do salão.
Quando o mestre-aprendiz passa por seus empregados, não deixa de elogiar seu trabalho, encorajando-os a continuar. E ao chegar ao fundo da loja, num pequeno descampado, lá estavam seus aprendizes mais fiéis, agora equipados com corseletes, espadas curtas, adagas e bestas de mão. Um grupo seleto, pronto para a ação.

O mestre os enche com palavras de coragem e incentivo. Seus instintos apontavam para a iminência de algo grande e perigoso. E não precisava dizer ordem alguma, pois os havia preparado para aquele momento: Espalhar-se pela pequena cidade e esperar, e ajudar quem precisasse. Não eram lutadores. Eram protetores, treinados para aquele momento.

De volta à rua central, uma mulher de traços lindos, o cabelo moreno desgrenhado, o corpo voluptuoso de curvas envolventes mal escondidas por uma roupa simples de camponesa. Qualquer um ali se perderia em seus contornos, sem perceber os olhos vermelhos, que brilhavam com uma intensidade sádica e perversa.
Ela se ajoelha na entrada da cidade, beija o indicador direito, e começa um desenho nefasto no chão, quando o céu imediatamente se cobre de pesadas nuvens.
O horizonte agora era cortado por relâmpagos estrondosos, e o vendavam agitava as copas das árvores, deixando os animais inquietos.

Alguns pontos do céu se tornavam avermelhados como fogo. E a voz da garota, agora terrível, ecoa por toda vila:
- SE NÃO VIER ATÉ MIM, ENTÃO VAI VÊ-LOS SOFRER EM SEU NOME.

A garota irradia uma aura terrível, de um brilho prateado sinistro e assustador. A esta altura, as pessoas já corriam por toda parte, trancando-se em suas casas ou nas de conhecidos, mais próximas.

O desenho no solo incendeia, levantando um alto círculo de fogo-vermelho. No centro, o brilho prateado da garota, agora transmutada em feições horrendas, olhos de fogo, e pele coberta por finas escamas púrpura-avermelhadas.
Do céu, como um relâmpago, um enorme clarão prateado atinge o círculo, extinguindo as chamas imediatamente. As poucas pessoas que ousaram permanecer ali testemunhavam uma visão reservada a poucos. O Mago dos Vales estava ali, com sua inseparável túnica vermelha, e sua capa de leopardo. Nas mãos, em riste, o lendário cajado que, diziam os bardos, era a fonte de seu poder inimaginável.

Elminster diz à terrível mulher:
- Eu estou aqui. Não há a necessidade de matar ninguém, se é a mim que você quer.

Com um sorriso de perversidade incontestável, a mulher diz:
- Melhor do que matá-lo, VELHO, só mesmo afastá-lo de tudo aquilo que lhe é mais caro. Nós voltamos... e você... VÁ EMBORA!!!

Com a adaga, ela corta o próprio pulso, sangrando sobre o símbolo desenhado no chão, finalizando a poderosa magia.
O que se segue é uma gigantesca explosão de fogo prateado. Os gritos do Arquimago podiam ser ouvidos por toda parte. Gritos de agonia escrucitante. Um grito ouvido por todos na cidade, e também à sua dor. era como se cada morador da pequena cidade sofresse o mesmo ataque, compartilhando a dor do protetor lendário.

Instantes depois, a enorme nuvem de poeira prateada começava a ser levada pelo vento, e dela sai uma terrível garota de corpo escultural, as vestes impecáveis, e na mão, o cajado do Arquimago, fumegando pelo choque mágico do poderoso ataque.

Ela o atira ao chão, bem na entrada da estalagem do Velho Crânio, e sua voz terrível volt a ser ouvida, agora marcada por um sorriso nefasto, mascado por finas presas em seu semblante:
- O Mago já se foi. Como em breve morrerão TODOS os seus protetores queridos. A quem vão jurar lealdade depois disso?

Um silêncio terrível, entrecortado apenas por choros e lamúrias, tomava conta de toda cidade. O Sol já quase se deitava no horizonte, e aquela prometia ser a mais negra de todas as noites.
A mulher volta a falar:
- Logo, os Novos Reis destas terras virão reclamar seu território. Estas terras agora pertencem APENAS a eles. E não haverá poder algum, neste ou em qualquer outro mundo, que possa protegê-los de sua ira. Então, podem jurar lealdade aos seus novos Senhores...

Ela aponta o cajado, que imediatamente apodrece e se retorce, as pedras escurecem e racham, destruindo por completo qualquer indício de força que um dia possa ter havido ali.
- ... Ou juntar-se aos antigos.

Dando um passo para frente, ela desaparece no ar, como se atravessasse o umbral de uma porta invisível.

Longos momentos separam sua última palavra ao primeiro som de portas se abrindo. O medo e o temor imperava em todos ali.
Medo do que estaria por vir.

Então, um gigantesco tremor assusta ainda mais os corações, e uma bola de fogo de proporções incríveis ergue-se da floresta ao norte da cidade, marcando uma incrível e potente explosão. Todos sabiam o que havia ali. E correm para lá.

Ali, às margens do lago, onde antes havia um velho moinho, e a torre-lar de seu protetor, agora havia apenas escombros.

Elminster estava morto.
Seu cajado, destruído.
Sua torre, despedaçada.

E quem seriam os tais "Novos Reis"?
Felipe
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