Evolução - Gurag!!

Gurag treinava com sua nova arma, acertando pedras, árvores e, principalmente, a si mesmo. A arma pesava em sua mão, e as múltiplas cabeças golpeavam umas às outras.

Mas quando Gurag enfim acerta um golpe certeiro, vê passando atrás da árvore uma rajada de fogo, e uma árvore próxima incendeia quase imediatamente.

[off] Rajada de fogo???? parece que saiu da arma???[/off]

Gurag para seu treinamento olhando oque estava acontecendo com a outra arvore.

A árvore estava em chamas. E na direção oposta, estava Michael, olhando para as próprias mãos, assustado.

Gurag estava tão concentrado em seu treinamento que mal percebia que Michael treinava por ali também, após passar a surpresa do poder de Michael, Gurag larga seu escudo e sua arma para aplaudir o feito do arcano. E logo depois disso volta a pegar seu equipamento e voltar a treinar.
Hora ou outra pede para os outros ensinarem o funcionamento de suas armas, machados para Garth, espada para Tarenus, Martelo para Barduk, Arcabuz para Giusepppe, sabre para Fred e luta desarmada para Wong etc. Mais do que aprender a lutar com cada uma Gurag queria aprender a se proteger de cada uma, procurando os pontos fracos e fortes nos movimentos específicos com cada arma. Já havia passado por treinamento com múltiplas armas na Grande Fenda, mas na época não tinha dado tanta importância pra isso se contentando apenas com as mais simples de usar, mas agora era diferente, pois esses treinos poderiam ser a diferença entre a vida e a morte para ele e seus companheiros.

Gurag vê, pousada sobre a árvore onde praticava uma águia totalmente branca, de olhos azuis e profundos.
Ela o fitava com intensidade.

Gurag aprecia a bela ave, olhando-a de volta. Tenta observar suas intenções. Parecia estar reagindo naturalmente? Seria uma ave mensageira? ou até mesmo espiã? Fitando aqueles olhos azuis Gurag lembra que algumas pessoas tem o poder de assumir a forma de animais, incluindo seus senhores, Atreio não tinha olhos azuis, mas Niely sim, seria ela? Gurag sorri sozinho e se aproxima um pouco mais daquele pássaro intrigante para observa-lo melhor.

Gurag sente uma pureza sem igual emanar daquele olhar. Uma sensação boa surge em seu coração, como ser acalentado pelo calor de um abraço acolhedor. Gurag nunca sentira isso em toda vida, tamanho calor e pureza num só olhar. A clareza das penas do animal eram como a claridade do dia, uma pureza indescritível.
Quando dá por si, Gurag tinha lágrimas nos olhos. Sentia uma alegria que não sabia explicar.

Gurag enxuga a lagrima dos olhos antes que alguém percebesse e se aproxima mais da ave falando baixinho para que só a ave ouvisse, antes que achassem que ele estava ficando Louco.
-Minha Senhora? É você?

Ao fazer menção de se aproximar, o pássaro abre as asas de penas alvas e voa, brilhando e desaparecendo no ar, desfazendo-se em vários pontos luminosos.

Gurag fica um instante em silêncio, absorvendo aquela visão, quando finalmente ouve a voz de Michael falar ao seu lado:
- Magnífico animal, não acha?

Mas quando se vira para responder, percebe que o mago estava a quase 100m de onde estava, sentado numa pedra e escrevendo em seu livro de magias.

Gurag fica com cara de interrogação por uns segundos, mas logo dá de ombros falando para si mesmo. -Arcanos...
Guarda seu escudo e sua arma e se aproxima de Michael, não tinha ainda se dado ao luxo de se aproximar tanto do Mago então iria aproveitar aquele momento de calmaria para conhecer melhor seu companheiro de aventura.
Senta se ao lado de Michael quebrando o gelo da conversa perguntando sobre a ave, perguntando se ele conhecia, ou sabia oq era.

Michael desvia os olhos do livro, fechando-o pela metade, mas ainda segurando-o aberto com as mãos, e dizendo:
- Eu o convoquei para testar uma nova magia. Depois de pôr fogo numa árvore, senti que devia pegar leve. É um lindo animal, e eu o deixei explorar nossos arredores. Mas foi ela quem escolheu pousar perto de você e ficar observando-o apanhar daquela árvore. hahaha!!

Então, ele fica mais sério, e diz:
- Ao contrário de você, que cria seus monstros, os meus são chamados de outros mundos em meu auxílio. Não preciso esculpi-los, pois eles já vêm prontos, por assim dizer. Mas ao contrário dos seus, eles têm personalidades e índoles que tenho que levar em conta a cada invocação. Pois dependendo da companhia, meus monstros podem atacar nossos aliados ao invés de protegê-los.

Michael ergue o braço e, com um sussurro, um clarão se faz, e o pássaro ressurge em seu punho.
Ele diz:
- Este é meu pássaro de luz, e eles não perecem em combate. Apenas são enviados de volta aos seus mundos. Como os seus, se desfazem em energia e são enviados de volta. Mas o que vc vê como perigo, vejo como oportunidade, de olhar nos lhos de tão bela ave.

Ele estende o dedo a você.

Gurag estende o dedo para pegar que a ave venha a sua mão, criando em seu outro braço um constructo a semelhança da ave.

-O perigo que me referi foi a vontade própria da criatura invocada, no mais eu não temo o desconhecido e aprecio qualquer forma de vida afinal a vida nada mais é que a manifestação da comunhão de todas as forças do cosmos.

Gurag fica maravilhado com a beleza da criatura e faz com que seu constructo repita seus movimentos e interaja com a ave.

O pássaro passa para a mão de Gurag, que sente um toque acalentador, quente e acolhedor. As garras do animal seguram firme em seu punho.
O pássaro o encara com os olhos azuis intensos, exibindo a mesma pureza. Então, aproxima o rosto, bico no nariz, encarando. E por um instante, Gurag vê aquele olhar mudar, da pureza de um animal para a ferocidade de um predador. A intensidade torna-se furor, e a ave abre as asas brancas, encolhendo-se para bicar, e num clarão, desaparece.
Gurag estava ofegante pelo susto.

Michael, sério, diz:
- E que graça tem lidar com seres sem vontade? Isto é algo que não vou entender. Gosto da imprevisibilidade da personalidade dos seres conjurados. Mas às vezes, eles nos surpreendem. Como agora. Sua índole não é oposta às energias positivas do Céu. Mas ele não o aceitou tão bem como o outro. Ou talvez tenha sido o comando. Enfim, devo tomar mais cuidado com isso.

Ele volta a tomar notas em seu livro.
O constructo permanece ali, imóvel, imitando a pose da águia, antes de sumir em meio à luz.
Estático.

-Eles não tem vontade pois são a extensão de minha vontade, um tentáculo da minha imaginação na realidade. Você ta falando da imprevisibilidade mas isso porque nunca tentou colocar algo amorfo em pé, muito menos em movimento, suas invocações já vem prontas, não só tem vontade própria como já sabem andar, voar, atacar é tudo natural para eles. Já meus constructos não, são criaturas construídas do zero, cada articulação, cada músculo conta, tenho que preparar toda a anatomia funcional, foram meses pra parar o primeiro de pé, anos para colocar em  movimento, muito eu aprendi observando a própria natureza, afinal ela tem infinitamente mais tempo de experiencia do que eu criando criaturas. Lembro que os meus primeiros eu fazia com três pés para manter de pé, mas mesmo assim eles não conseguiam se coordenar e o constructo acabava caindo. Ainda tenho muito que apreender, mas ja tenho confiança plena para fazer a anatomia quase que no automático, movimentos fluídos e realistas, muito já me é intuitivo, podendo me preocupar agora com características mais minuciosas, sinto que a cada dia consigo ir um passo mais além com eles, cada vez mais fortes e singulares, incríveis como uma criatura própria e não como a imitação de uma.

Gurag se mostra extremamente empolgado em poder conversar com alguem que de alguma forma entendesse e se interessasse nesse assunto. Em dado momento tira Spark do bolso ativando as patas e introduzindo ele a conversa dizendo pra Michael:
-E eis aqui algo com vontade própria, minha personalidade cristalizado em matéria que é capaz de manter um dialogo com criaturas que até mesmo eu não conseguiria me comunicar, e isso sem nenhum insentivo meu.
- Vamos Spark não seja tímido, eu sei que Michael sabe de coisas que te deixa extremamente curioso.

A conversa se estenderia infinitamente, e já temos tópicos demais em aberto.
Por isso, vou simplificar...

O resto do dia, Gurag e Michael passam na mata ao redor da vila, trocando informações e conhecimentos. Eram técnicas de invocação completamente distintas, mas ao mesmo tempo similares pela exigência do cuidado do invocador/criador. Pois como Michael falou, convocar a criatura errada num ambiente impróprio poderia colocar mesmo seus amigos em perigo.
Ele exemplifica convocando uma serpente, que emerge da terra, uma cascavel vermelha, com olhos de fogo e chiado letal. Ela se encolhe em bote, e Gurag podia sentir um calafrio por aquele olhar frio e letal. Ela tenta golpeá-lo, e numa repetição do próprio movimento em pleno ar, quase abocanha Spark. E desaparece numa pequena labareda, em resposta a um aceno de Michael.

Ele diz, um tanto tenso:
- Desculpe. Por sorte calculei bem a distância. Mas estas são apenas algumas das criaturas que posso trazer ao meu comando. Mas não me verá fazê-lo, a não ser em um caso específico, onde eu tenha total controle do perigo ao redor. Pois senão, ao invés de criar ajuda, posso trazer um novo problema.

Ele faz uma expressão encabulada, e diz com uma leve modéstia:
- Se eu dominar esta magia em níveis mais elevados, posso até mesmo convocar um ser celestial pleno em nosso auxílio. Da forma como o xamã convocou um demônio tão poderoso. Aí sim, as coisas ficarão interessantes.

Spark explorava todo o ambiente, observava a marca de queimado onde a serpente desapareceu, e como uma aranha, escalava ora Gurag, ora Michael, preenchendo sua pequena mente com novas observações e conhecimentos, "lendo por cima do ombro do mago", ainda que não compreendesse sua escrita.

Gurag vê o mago fazer um truque de ventriloquismo incomum; ouve sua voz falar em uma língua, ao mesmo tempo em que ele conversava em outra com Spark:
" Eis um truque que aprendi com um bardo, em Suzail, certa vez. Sisfarçar a fala e transmitir mensagens secretas mescladas. Posso, até mesmo, ficar em total silêncio, e vocês ainda me ouviriam sussurrar pequenas frases, como avisos ou informações."

Off: A título de curiosidade, foi o que Galadriel fez, no primeiro filme, ao receber a Comitiva. Ela conversava com o grupo,a o mesmo tempo que sussurrava outras coisas para Frodo.