Trilha íngreme e arriscada - Gurag!!

Orion se enbrenha pelas trilhas rochosas, seguindo caminhos invisíveis aos olhos mais bem treinados, e por mais que Gurag tentasse, não reconhecia qualquer tipo de marco ou direção que pudesse estar seguindo. Por vezes, embrenhando-se na mata, e outras deslizando por encostas e barrancos, Orion parecia disposto a descer boa parte da montanha de uma vez.

Gurag tinha grande dificuldade em acompanhá-lo, tamanha experiência por aqueles caminhos. Por vezes, pensava ser deixado para traz, apenas pra alcançá-lo mais a frente, pensando ter chegado em algum lugar... apenas para vê-lo disparar novamente.

O peso de sua armadura logo se mostra um fardo, por vezes escorregando e deslizando, e dificultando enormemente sua corrida, quando finalmente chegam a um charco encavado na encosta de uma montanha mais baixa. Já não tinha mais certeza da direção percorrida, ou mesmo quanto haviam se distanciado da vila.

O que chama sua atenção é um enorme worg, de guarda no que parecia ser a entrada de uma gruta.
E além dele, 2 orcs conversavam entre si, parando assim que os vêem chegar.

Orion chega com presteza, caindo magistralmente após pular do alto de uma pedra.
Gurag chega pouco atrás, quase aos tropeços, com as frestas da armadura cheias de terra e pedriscos.

Gurag dá uma chacoalhada feito um cão molhado, e espera pela ação de Orion, sabendo ele falar orc talvez não queira uma peleja nesse momento.

Orion mal "pousa" de seu salto, é recebido pelos orcs com comentários como: "Exibido!"
A resposta, também em orc, é: "Invejosos!"

Gurag reconhece, de algum lugar, a fisionomia dos dois orcs.
E de dentro da caverna, um segundo worg emerge das sombras do lugar, os pêlos cheios de falhas revelando hábitos combativos.

Orion diz (em orc, sempre):
- Eu disse que o traria aqui. Agora cadê ela?

Os orcs encaravam Gurag com curiosidade.

Gurag, olha desconfiado, mas para imponente, não dirigindo a palavra a ninguém, antes que falem consigo. tenta lembrar da onde conhece os orcs, e vê se um dos Worgs é um dos antigos conhecidos.

Os orcs trocam olhares, um deles se aproxima e para bem diante de você, um orc forte e robusto, armado com uma lança de guerra na mão e tatuagens tribais pelos braços e rosto. Usava ainda uma armadura de couro batida e um saiote, e por baixo, calças grossas de couro.
O outro tinha vestes parecidas, mas menos tatuagens.

E de dentro da caverna, Gurag vê um rosto conhecido emergir da penumbra. Um homem bem robusto e careca, com uma armadura avermelhada.
O mesmo de sua visão, do deserto.

Tinha uma feia cicatriz cortando o rosto, deixando o olho direito semi-cerrado.

Ele estava carrancudo, e diz em tom seco:
- Tem idéia do trabalho que está nos dando?

Gurag ainda parada e com um tom serio na voz, retruca.
-Engraçado, achava que eu que deveria dizer isso...

O careca se irrita, aponta pra Gurag e diz:
- O PLANO ERA CLARO, GURAG!! Sumir com aquilo. Então POR QUE diabos decidiu cagar na cabeça dos Idos e juntar os pedaços. Não se lembra do que houve da última vez?

-não, não me lembro, oque eu sei são visões que nem eu mesmo sei se posso acreditar. E aquilo tudo de trazer de volta oque foi roubado?

O careca olha pra você, sério, e ainda irritado ele diz, mais para si mesmo:
- Merda!! Você realmente não se lembra. QUEM você acha que roubou? Quem...

Ele para, com uma expressão pensativa e intrigada, e pergunta:
- Você se lembra de sua casa?

- Minha casa ja foi numa caverna a beira de uma cachoeira, mas hoje é onde meu destino me levar. Não lembro de nada, aquilo era uma outra vida, como poderia me lembrar? Portanto ou vocês me contam oque eu fui, ou ficamos ambos sem saber nada.

Gurag se mostrava calmo e sereno, tentando assimilar as informações que recebia.

O careca andava em círculos, coçando a cabeça e resmungando:
- Merda merda MERDA!! Eu esperava que isso acontecesse comigo. mas não com você. diabos... Mas... COMO voltou à vida? Janus sabe?

Os orcs cochichavam entre si, sem entender nada da conversa.
Orion entra na gruta, encarando-os.

O careca diz, por fim:
- Janus e você juntos? HAHAHAHAHAHAHAHAHAHAHAHAHAHAHAHAHAHAHAHAHAHA!!! Só se ele tiver perdido também a memória.

-a não ser que Janus seja um nome comum... sim, uma pessoa se apresentava como Janus em nossa comitiva, um clérigo de Kelemvor disfarçado de clerigo de Tymora.

Gurag estava serio, porém um pouco desconfortável com aquela conversa, a final em algum momento alí ele estava sendo enganado.

O careca olha cínico para Gurag, e diz:
- Janus!? O NOSSO Janus?! Um CLÉRIGO? Pelo amor... você realmente apagou.

Ele respira fundo, tirando de um dos muitos bolsos de sua armadura um cachimbo, acendendo-o com um estalar de dedos e dando uma longa tragada.
Ao soltar a fumaça, ele continua a falar:
- Janus é um dos Idos. Um protetor da Hierarquia. Ele se juntou a nós pra impedir a invasão de outros mundos, como era o plano do Inimigo. Bem, se nem ao menos não se lembra de Janus, não espero que se lembre do Inimigo. Mas sim, a culpa foi NOSSA por ele ter despertado. Não esperávamos que tivesse tanto poder, e muito menos que ele estivesse nos usando para levá-lo à liberdade. Ai de nós se Helm descobrir que falhamos.

Gurag apenas ergue a sombramcelha desconfiado, cruzando os braços.
-E aí? Ainda não me contaram como eu entrei nessa historia, desembucha, não vou me sentir culpado por algo que eu nem sei oque fiz.

O careca se põe a andar de lado, ladeando-o e pondo a mão esquerda para trás, a direita ainda firme no cachimbo.
Ele o media de cima a baixo, e por fim ele diz:
- Eu não perderia meu tempo com você se não soubesse quem é... ou melhor, quem FOI. Você era a chave. um transgressor de mundos. mas sua força era superior à de Janus. Ele não podia impedi-lo. Então teve de se juntar a nós. Afinal fomos nós que despertamos o que deveria permanecer adormecido. Os deuses de Toril o menosprezaram; o desafiaram, e o execraram para um mundo condenado. E nós, sem saber, nos deixamos usar para libertá-lo e trazê-lo à luz novamente. Nosso mundo morreu porque NÓS não soubemos a hora de parar. Levamos nossa ambição por poder e imortalidade muito além dos limites da nossa existência. E o preço...

Ele se cala, detido por alguma lembrança. Seu semblante muda completamente, da dureza à candura, transportado a algum momento perdido no passado.

Gurag para atônito assimilando as informações sobre seu passado. Vendo que o careca para de falar subitamente Gurag conclui.
-Não importa o preço, temos que nos esforçar para fechar essa trinca que foi criada. Estou aqui para reconfigurar o equilíbrio entre os planos, então não me faça perder o meu tempo com vocês.

O careca volta a si, dizendo:
- Eu não vim para impedi-lo, sua besta. Vim para somar. Mas as coisas estão ficando mais complicadas. Posso mandá-lo até pessoas que possam ajudar com Janus, mas vai me desgastar bastante. No entanto, ainda não posso deixar este lugar. Não enquanto a trilha estiver aberta.

Ele fala, olhando para a caverna onde Orion havia entrado.

-então me diga no que eu posso ser útil!
Gurag demonstrava uma certa pressa e ansiedade.

Ele diz, ainda calmo:
- Você precisa escolher que vida via defender, Gurag. Se vai lutar a causa d´Esta vida, ou a de outra. pois não pode ficar correndo em círculos, e nem eu posso ficar vindo atrás de você. Já passamos por este instante tantas vezes que já nem sei mais. Deve escolher entre lidar com Janus, lutar ao lado dos seus novos amigos, ou correr atrás do que pensa ser o "SEU destino". Mas por um erro tolo, uma guerra está prestes a ter início. Vai participar? Ou vai investigar?

-Guerras são comum nesse planos faz parte da evolução e da renovação das energias dos cosmos, eu só quero evitar aqueles que querem manipular essas energias de forma errada desestabilizando o status quo.
*Gurag fala num tom confiante e com uma cara carrancuda digna de um orc.*

O careca ri, e diz:
- hahaha! então devia começar por si mesmo!!

- Não não, vocês que despertaram aquilo que deveria permanecer adormecido, eu estou apenas descobrindo a merda que vocês fizeram, tenho a consciência limpa nessa vida e mesmo assim estou me envolvendo para ajudar da forma que acho ser correta, então guarde a sua risada para suas próprias desgraças.

Gurag se mostra mais serio ainda, com os olhos fixos nos olhos do careca.

O careca ri, ainda mais sarcástico:
- HAHAHAHAHA!! Você é que parece não entender, Gurag, o que estou tentando te explicar. ESTE é o seu poder. A SUA imortalidade. Renascer, e em cada nova vida aprender mais e mais,a té que sua plena consciência das vidas anteriores se reúnam, tornando-o ainda mais poderoso. De nós, você sempre foi o mais forte. Cada um é imortal de uma maneira, mas você... Você é único. E por isto Janus nos procurou. Porque seu poder deturpa até a mais alta Hierarquia. Eu posso alcançar a consciência daquele bastardo em qualquer lugar, mas não posso penetrá-la. Ele está fora do meu alcance. Mas você sempre conseguiu, por sua ligação com o plano astral. Mesmo que eu te conte, que te mostre, talvez nesta vida você ainda não esteja preparado pra entender o que você é... ou melhor, o que se tornou depois de tantos renascimentos. mas parece que de alguma forma este Braagash, ou este tal Escama, conseguiram desvendar, e conter. Ao menos por enquanto. Vai me dizer que nunca teve um lapso. Um lampejo de um poder maior que o seu, enquanto fazia suas peripécias astrais, como você chamava. Diga-me: Acaso se considera DENTRO dos padrões?